quinta-feira, 21 de maio de 2009

Olha... O 'cruft passou-se...

O amor é complicado. A estrada sem marcações que com nevoeiro e à noite tantas vezes é intransitável. É difícil dizer que “não” e muitas vezes, ou talvez até mais vezes, difícil dizer que “sim” num passo de intimidade que não se dá por dá cá aquela palha, que se dá por dá cá aquela imagem que me faz lembrar e ficar parado na imagem que se mexe só daqui para ali sem margem e com dois pontos fixos que somos nós. Lembrar, lembrar, recordar, cortar e desviar é um ciclo que se segue, é uma rotina que se prende ao arame farpado que se vira para fora de nós e um dia para dentro de nós e para fora de nós também e ao mesmo tempo. Contorcem-se involuntariamente músculos abdominais que até lá desconhecíamos, sente-se na esquerda e na direita, ao centro é ao mesmo tempo, mas contorcem-se e sente-se e o sentir é pensado com um lado do cérebro qualquer que confunde tudo, porque amor é isso e é cerebral e é confuso e confundido com tanto. Amar e dizer “amo-te” não é soltar palavras ao ouvido e com nível baixo de decibéis para arrepiar. Arrepiar é fácil, é só preciso saber os truques. Amar é difícil e dizer “amo-te” não é exequível depois da puberdade, da inocência ultrapassada se algum dia é ultrapassada, pois as certezas se existirem não são dogmas que falam de amor.

Quero ser cru a falar de amor e quero ser metafórico para ficar mais bonito, porque é no amor que os adornos existem e fazem sentido. Mais nada importa quando se está bem e se partilha com quem se quer partilhar e se sente que se quer partilhar (cru); mais nada importa quando as águas param e os rouxinóis cantam porque estarás a passar e a vir até mim (foleiro); amar tira tempo quando o pára, rouba certezas analíticas e concebe certezas sintéticas, taxa tudo num taxímetro que tem tempo limitado, porque todas as viagens têm um destino mesmo que ele não exista ou seja a morte (metafórico-dramático).

Antes de amares pensa se queres e já estarás apaixonado.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ou vocês pensam que eu durmo?

Isto é estranhamente a melhor história do ano, e espero (com algum entusiasmo) que no final do ano se lembrem dela naquelas compilações fantásticas sobre o melhor e o pior do nosso 2009.

Para mim, este áudio ultrapassa tudo o que já tinha ouvido. Entra directamente para à frente do “Dá-me o telemóvel” e do “Porrada por causa do Hi5”. E vocês sabem bem que eu sou uma pessoa bastante rigorosa a criar estes rankings.

Mas vou me deixar de conversa, avaliem vocês mesmos

Não quero discutir aqui a ética, o profissionalismo, ou até a sanidade mental desta professora de história. Certamente existem programas e fóruns próprios para o fazer.

A única coisa que me está a fazer espécie é o seguinte: Esta senhora está a querer entrar ao despique com uma miúda de 13 anos ou é impressão minha? Tipo a querer difamá-la?

Vejamos, ela diz a certa altura “O teu ex-namorado é amiguíssimo do meu filho e tu agora tens a ficha feita”.

Como quem diz, “vou descobrir cenas tuas e vou contar a toda a gente do 7º D”.

Reparem, esta história é tão hilariante que a Professora chega a ter provas de que a miúda perdeu a virgindade. Os ciganos na lua de mel fazem amor sobre um lençol branco, o sangue derramado significa que o casamento está consumado e que a rapariga era virgem. A menos que a rapariga seja cigana, não consigo perceber quais possam ser as provas que a professora tem. E acreditem eu sei bastante sobre sexo de mulher com homem.

Isto amigos, isto é o que faz dar o primeiro beijo no 12º ano e tenho dito.

Vagos em acústico - Jorge Palma

E cá apareço eu, no rescaldo de mais um concerto. Não ao nível do último, pois este não teve um Mick Jagger da Quintâ, nem um Jack Johnson ou tão pouco o vocábulo Manhoso. Mas, cá nos contentámos com o Jorge Palma.

O concerto começou mal, aliás, tenho para mim que nenhum concerto deste senhor alguma vez começou bem. Sinceramente já nem me lembro qual a primeira música, mas foi algo do novo álbum.

Estava a reler o que tinha escrito e se calhar dizer que começou mal é favor e estou a ser amigo dele. Vamos pôr isto em números, ele recomeçou a música 3 vezes e mesmo assim não saiu bem. No fundo, parecia eu a tocar guitarra e acreditem que isto não é bom. Ambos sabemos as notas só não acertamos bem nas cordas, ele porque estava bêbado, eu porque não tenho jeito.

Depois de algumas risadas, uns comentários que muita gente deve ter feito para dentro, “És sempre a mesma merda, estás todo bêbado”, e algumas músicas em acústico que foram um autêntico massacre, entraram mais dois elementos em palco. O seu filho que o acompanhou na guitarra e no piano, menino bonito que dará um óptimo André Sárdet, e um acordeonista.

A entrada em palco destes senhores deu um novo ar ao espectáculo e a partir daqui foi sempre a subir. Conclusão, um concerto que parecia desiludir tudo e todos transformou-se num grande concerto.

Um dos meus receios à partida seria se apenas ia ouvir músicas do novo álbum. Isto não aconteceu, a set list era fantástica e durante duas horas sem intervalo e sem Encores (que isso de Encores é pra maricas que só querem protagonismo) pude cantarolar, baixinho, a Frágil, a Só, a Dá-me Lume, o Bairro do amor, a Deixa-me rir (ou então deixa-me entrar em ti), a Canção de Lisboa, o Jeremias o fora da lei, a Dormia tão sossegada e a Encosta-te a mim.

Enquanto se apostava, afincando o pé, de que ele acabaria o concerto com a Encosta-te a mim, ele tem a descaradeza, o desplante, a subtileza, a inteligência ou a magia de terminar o concerto com uma das melhores músicas que alguma vez foi escrita: A gente vai continuar. E sabem porquê? Porque a liberdade é uma Maluca.

Aprendi bastantes lições de vida neste dia tais como:

· Ele é mesmo bom no piano.

· Gosto mais do Jeremias do que do Chico Fininho.

· Mais vale um concerto de Jorge Palma bêbado do que um de André Sardet sóbrio e a fazer o pino.

Antes de terminar, queria só deixar aqui um desafio ao Jorge Palma: Eu sóbrio. Tu bêbado a acusar 2.3. Um despique na Dunas. Pode ser na minha guitarra. Quem perder paga uma taça no Ferradura.

Enquanto houver pernas para andar, ele vai continuar.