terça-feira, 7 de abril de 2009

Ser Professor (Capítulo II)

Como todos sabem eu sou professor (ainda que estagiário, sou professor) e então encontro-me num estádio da minha vida que é a passagem à adultez.

Deparo-me todos os dias com situações com as quais não quero viver até ao fim da vida, com certas atitudes e pensamentos formatados que além de foleiros definem o estatuto social de uma pessoa. A meu ver (e ficam a saber que sou pouco sociólogo) as regras mudaram, antigamente passava-se a ser adulto quando se adquiria cabedal suficiente para sachar batatas ou ancas suficientemente largas para dar à luz um filho, hoje em dia esta passagem é feita tendo em conta a forma de estar socialmente, se souberes falar sobre carros, achar que qualquer gaja é boa e o expressares de forma eufórica, então és adulto. Anseio o dia em que os adultos se distinguirão pela sua responsabilidade e maturidade.

Para que percebam melhor este estado de graça em que me encontro, decidi expor aqui dois excertos. O primeiro destes é uma ideia retirada dum livro de Chuck Palahniuk, autor norte-americano conhecido pela sua escrita directa e criativa:

“Tudo o que Deus faz é observar-nos e matar-nos quando nos tornamos aborrecidos. Nós não devemos nunca, mas nunca mesmo, ser aborrecidos.”

E isto meus amigos, isto é ser adulto. Ser aborrecido é ser adulto. Fazer as coisas com um determina sequência lógica é ser adulto. E é isto que eu não quero ser, é isto que vocês não deveriam querer ser. Pois quando se é isto meus amigos, é preciso ter um trabalho de que não se goste, é preciso encarar a vida com seriedade, é preciso deixar de ser criativo, pois isso de ser criativo é para falhados que escrevem em Blogs. Pois quando és adulto o que conta é o que produzes e não aquilo que pensas. È a maneira como te vestes e não aquilo que pensas. São os sítios culturais que frequentas e não aquilo que pensas.

A segunda é uma letra de Manuel Cruz que ilustra estrondosamente a frustração de quando um adulto se apercebe que o é.

mãe
eu já não sou quem era
agora tenho a minha guerra
a minha luta privada
ainda oiço a canção da lua
só já não me afasta do nada

mãe
a vida é esta merda
dela só o cheiro se herda
trocamos sonhos por qualquer porcaria
canta de novo a canção da lua
enquanto não chega o dia

Até mais ver amigos, e pá, não troquem os vossos sonhos por qualquer porcaria, não deixem que os adultos foleiros de hoje vos tornem nos adultos foleiros de amanhã. È possível ser responsável sem seguir padrões sociais, é possível ser maduro seguindo os vossos ideiais.

9 comentários:

Mari Jones disse...

:o
Não poderia estar mais de acordo contigo!
Eu espero continuar a lutar, todos os dias, para não ser uma adulta foleira, para conseguir cumprir todos os meus sonhos e ser sempre, mas mesmo sempre EU.
Obviamente tendo em conta a criança que há em mim, lol!

Tenho a certeza que tu não vais ser um adulto foleiro e isso é muito importante, pois vais participar na educação da futura geração!

Bárbara disse...

Estás a precisar de um antidepressivo!?

Anónimo disse...

Fogo, oh primo, que coisa tão bem escrita. Acho até que precisava mesmo de ler uma coisa assim hoje. *muah* Adoro-te :)

FC disse...

Mas tiraste o curso de informática não sei das quantas ou de filosofia? Não é que dissertes mal, deixas-me é confuso sobre o teu ramo.

ZiCkRuFt disse...

Ser adulto foleiro é comentar isto de forma séria e acrescentar novos argumentos à discussão.

Ser adulto à minha maneira é dizer: Pronto... Jorge... Toma lá um beijinho.

(No entanto sou também um grande mentiroso... O que eu não tenho é vontade de escrever. Quando estiver contigo, nós falamos do assunto :P )

ZicKroft disse...

Aceito o Beijinho e aceito o adoro-te, mas não aceito o antidepressivo, isso é para adultos foleiros.

E sim Nando, não devias ter dito ás pessoas que era de informática. Elas agora vão dizer, "Eu vi logo que só podia ser um Geek."

FC disse...

So true
Se o Benfica fosse um partido político, ganhava as eleições todos os anos.
Moral da história: Nem sempre somos maus, podemos é não estar no ramo certo.

Vossa excelência dizia isto há uns tempos. Lembra-se? Agora digo-lhe o mesmo, como complemento ao meu comentário anterior. Faça a analogia e ... coiso

Tari disse...

Muito bem dito!!! Até já rimas e tudo :P

Claro que isto não tem a ver com a área que se escolhe nem com a maturidade que se tem, tem a ver com o ser autêntico, qualidade essa que hoje em dia está em vias de extinção.

Beijinhos e continua assim adulto anti-foleirada :P

ZicKroft disse...

Pois. Acredita que reli o texto para perceber onde estava a rima.
Mas não te preocupes não vou conseguir tirar-te o lugar.

Beijo e vai seguindo *
smell u later *