domingo, 22 de março de 2009

Ser Professor (Capítulo I)

Ao início, era o Verbo (sempre quis começar um Post com esta expressão, repararam na virgula que dá aquele ênfase à frase, “Ao início STOP era o Verbo”)

Voltando ao nosso Post.

Ao início admito que tinha a sua piada, aquela confusão, aquele poder jogar pelos dois lados – oh não, não não não não, não estou a falar de homossexualidade – mas sinceramente perdeu o seu quê de giro, porque as pessoas são assim, fartam-se das coisas antes delas terem ainda terminado, e eu sou uma pessoa.

“Desculpe, é professor ou aluno?” ao que eu respondo educadamente “Sou professor estagiário.” E a senhora responde embaraçada “Desculpe, é que tem cara de menino” e novamente com um sorriso digo “pois”, quando na realidade o que eu queria dizer era “Desculpe eu ter tirado um curso no ensino superior”, “Desculpe eu ter andando 5 anos a estudar a sério”, “Desculpe eu ter feito electromagnetismo à primeira”, “Desculpe se não envelheci tanto quanto a senhora desejaria”. Não, não estou chateado de maneira nenhuma com esta senhora, a menos que ela volte a cair no erro de me perguntar, “Olhe desculpe, é professor ou aluno?”.

Enquanto professores a sério se debatem com questões reais e grandes; Avaliação de professores, estatuto da carreira docente, direcção de turma, conselhos pedagógicos e transição para o novo regime de administração e autonomia das escolas. Eu, Jorge Ribeiro, debato-me com a problemática serei eu Professor ou Aluno?

Devem estar vocês caros leitores e amigos de longa data a pensar “Epá ó Jorge és tão picuinhas. Vê lá se não te podem confundir, vê lá se as senhoras continuas te ofendem assim tanto ”. E ai vou ter de voltar ao início, porque ao início era o Verbo tinha piada, mas depois de 6 meses a Continua Porteira já tinha obrigação de me conhecer, a Continua do Bar igualmente, isto já para não falar do Gordo da porta que pergunta sempre, “Onde é que vais? Não és desta escola”.

Como podem constatar já tive confrontos sociais hilariantes neste meu estágio. Infelizmente não é apenas disto que é feita a vida. Deixo-vos então com aquele que é sem dúvida o meu ‘confronto’ favorito:

Senhora continua - Onde é que tu vais? (note-se que este começa com um Onde é que arrogante, seguido de um Tu vais de arrependimento. Entretanto a senhora apercebeu-se que talvez eu não fosse aluno).

Eu – Para a sala dos professores.

Senhora continua – Ai desculpe, pensava que era aluno.

Eu – Não faz mal (sorrisinho nos lábios).

Senhora continua – Blá blá blá (e é neste momento que entram os clichés, “é bom parecer mais novo”,” imagine quando tiver 40 anos”, etc. e eu tenho para mim que o cliché é como o Comunismo, entranha-se dentro de um individuo e não o deixa pensar noutra coisa, de maneiras que prefiro nem ouvir).

6 comentários:

ZiCkRuFt disse...

Jorge amigo, um gajo tem que se adaptar à sua condição e conseguir ter o tacto de não enveredar por caminhos que nos trazem complicações... Por algum motivo eu não sou nem serei professor.


P.S - Levar t-shirt's à surfista não ajuda.

Anónimo disse...

E eu que pensei que ias meter um "e depois fez-se luz" ou qualquer coisa do género... Desiludes-me, primo! =P

Anónimo disse...

"Posso chamar-lhe menino, senhor doutor? É que até me custa chamar-lhe outra coisa!"

True story!

Tari disse...

Olá Kickroft:

Desculpa ter trocado o teu género no meu blog, foi mesmo porque ainda não tinha lido nada do teu blog.

Do que li até agora pareceu-me bastante original mas não posso ficar mesmo indiferente a este post porque também sou professora, tenho cara de menina e quando estive a estagiar foi o pior ano da minha vida (como quem diz).

Todas essas situações aconteciam-me sempre e normalmente mais do que uma vez por dia.

Mas a pior é todas é quando tinha que ir ao bar e uma reunião de estágio agendada para 5 min. depois. Lá me metia eu na fila dos professores (o que quase nunca fazia porque apelo sempre à igualdade de serviço para alunos e professores), mas sempre que tinha pressa e ia lá, era sempre punida por uma senhora do bar (que julgava ser a maior) e mandava-me aos berros para a fila ao lado.

Isto é que é de uma pessoa perder a paciência. Nem os alunos deviam ser tratados assim. E nem sequer desculpa pedia ou se pedia era a José Carlos Pereira a representar com a boca fechada. Uma chapada naquele focinho :P

E o pior é como tu dizes, tudo se repete durante TODO o ano lectivo.

Só a mudar de profissão é que isto vai lá.

Parabéns pelo blog e volta ao meu sempre que quiseres.

Beijinhos**

Inês * disse...

Ohh jorge, nao chores... tu és um querido e essas senhoras velhas funcionarias têm é inveja da tua eterna juventude!

Anónimo disse...

Também já passei por lá e aconteceu-me exactamente o mesmo.
E o pior foi quando um aluno pensou que eu também era, o que deu origem a uma cena embaraçosa para ambos os intervenientes.
Agora estou na ponta oposta: as pessoas parece que levam a mal o facto de, por vezes, me atribuírem menos anos do que aqueles que eu tenho.
Só que, pelo caminho, descobri uma coisa muito importante: estou-me nas tintas para isso.
E, já agora, se se é professor, também se é aluno: um professor que não quer aprender não é um professor. Daí que ser professor não seja uma profissão entediante, como muitos pensam.